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O futuro dos computadores - Nanocomputadores Mecânicos

Pioneiros como Eric Drexler propuseram, já em meados da década de 80, que poderiam ser construídos computadores mecânicos em nanoescala através de manufactura molecular utilizando uma técnica de posicionamento mecânico de átomos ou blocos de construção moleculares, um átomo ou molécula de cada vez, processo este conhecido como "síntese mecânica".



Uma vez montado, o nanocomputador mecânico, além de ser de tamanho extremamente reduzido, operaria como uma versão complexa e programável das calculadoras mecânicas usadas na década de 1940 a 1970, anteriores à introdução das agora vulgares e baratas calculadoras electrónicas de estado sólido.

A concepção teórica de Drexler utilizou barras deslizantes em encaixes, com saliências que interagiriam com o movimento de outras varetas. Era um nanocomputador mecânico que utiliza pequenos componentes móveis para codificar a informação.



Drexler e os seus colaboradores preferiram conceitos que lembram miniaturas dos mecanismos de Charles Babbage do século 19, ou seja, nanocomputadores mecânicos que calculariam através de movimento de varetas em escala molecular e rotação de rodas em escala molecular, girando sobre eixos e rolamentos.



Por esta razão, a tecnologia dos nanocomputadores mecânicos tem provocado polémica e alguns pesquisadores chegaram a considerá-la impraticável. Todos os problemas inerentes ao aparelho de Babbage, de acordo com os pessimistas, são ampliados exponencialmente num nanocomputador mecânico. No entanto, alguns futuristas estão optimistas sobre a tecnologia, e chegam mesmo a propor como evolução deste conceito o surgimento dos nanorobôs que possam operar, ou ser controlados por nanocomputadores mecânicos.


O futuro dos computadores - Nanocomputadores Químicos e Bioquímicos


Nanocomputadores Químicos


Em termos gerais, um computador químico é aquele que processa a informação através do estabelecimento e quebra de ligações químicas e armazena estados lógicos ou informações nas estruturas químicas (ou seja, moleculares) resultantes. Num nanocomputador químico a computação é baseada em reacções químicas (quebra e formação de ligações), as entradas são codificadas na estrutura molecular dos reagentes e os resultados podem ser extraídos da estrutura dos produtos de reacção o que significa que nestes computadores a interacção entre diferentes produtos químicos e suas estruturas são utilizadas para armazenar informações e processos.

nanotubos

Estas operações de computação serão realizadas de forma selectiva entre moléculas utilizando apenas algumas de cada vez em volumes com apenas alguns nanometros de lado e assim, de forma a criar um nanocomputador químico, os engenheiros têm que ser capazes de controlar átomos individuais e moléculas de modo que estes átomos e moléculas possam ser levados a executar cálculos controláveis e tarefas de armazenamento de dados. O desenvolvimento de um verdadeiro nanocomputador químico irá provavelmente seguir em moldes semelhantes aos da engenharia genética.


Nanocomputadores Bioquímicos


Tanto os nanocomputadores químicos como os bioquímicos irão armazenar e processar informações em termos de estruturas químicas e interacções. Os defensores dos computadores baseados em bioquímica apontam como "prova de existência" o facto deles serem já omnipresentes nas actividades comuns dos seres humanos e outros animais multicelulares, com sistema nervoso.

Ou seja, os nanocomputadores bioquímicos já existem na natureza e manifestam-se em todas as coisas vivas. Mas esses sistemas são em grande parte incontroláveis pelo homem o que faz com que a fabricação artificial ou a aplicação desta categoria de computadores bioquímicos naturais pareça ainda muito distante, porque os mecanismos de cérebros dos animais e do sistema nervoso ainda são muito mal entendidos. Não podemos, por exemplo, programar uma árvore para calcular os dígitos de p, ou programar anticorpos para combater uma doença específica (embora a ciência médica tenha chegado perto deste ideal na formulação de vacinas, antibióticos e medicamentos antivirais).


Nanocomputadores ADN


Em 1994, Leonard Adelman deu um passo gigantesco rumo a um tipo diferente de computador químico ou bioquímico artificial quando usou fragmentos de ADN para calcular a solução para um problema complexo da teoria dos grafos.


Usando as ferramentas da bioquímica, Adleman foi capaz de extrair a resposta correcta para o problema da teoria dos grafos de entre os muitos caminhos aleatórios representados por filamentos de ADN . Como um computador com vários processadores, este tipo de computador de ADN é capaz de analisar várias soluções para um problema simultaneamente.

Além disso, os filamentos de ADN utilizados no cálculo (aproximadamente 1017) são muitas ordens de magnitude maiores em número e mais densos do que os processadores dos supercomputadores electrónicos da actualidade. Como resultado do trabalho de Adleman, o nanocomputer químico é o único dos quatro tipos mencionados que já demonstrou capacidade de efectuar um cálculo real.


Estes computadores usam o ADN para armazenar informações e realizar cálculos complexos tirando partido da sua grande capacidade de armazenamento que lhe permite manter a matriz da complexidade dos organismos vivos. A capacidade de armazenamento de um único grama de DNA pode armazenar tanta informação como um trilião de DVDs.

O futuro dos computadores - Nanocomputadores Electrónicos


Devido aos nossos cinquenta anos de experiência com aparelhos electrónicos de computação, incluindo a extensa pesquisa e a infra-estrutura industrial criada desde a década de 1940, é provável que os avanços na tecnologia da nanocomputação caminhem neste sentido fazendo com que os nanocomputadores electrónicos se apresentem neste momento como opção mais fácil e mais fiável para o desenvolvimento de nanocomputadores no futuro próximo.

Os nanocomputadores electrónicos funcionarão de modo semelhante à forma como trabalham os microcomputadores actuais. A principal diferença é de escala física. Mais e mais transístores são embutidos em chips de silício a cada ano que passa como se pode comprovar pela evolução dos circuitos integrados capazes de cada vez maior capacidade de armazenamento e poder de processamento.

O limite máximo para o número de transístores por unidade de volume é imposto pela estrutura atómica da matéria e a maioria dos engenheiros concorda que a tecnologia ainda não chegou perto de desse limite. No sentido electrónico, a expressão nanocomputador é relativa; pelos padrões 1970 os banais microprocessadores de hoje poderiam ser classificados como nanodispositivos.

Como funcionam?


O poder e a velocidade dos computadores têm crescido rapidamente devido ao rápido progresso na electrónica de estado sólido que remonta à invenção do transístor em 1948. De fundamental importância tem sido o aumento exponencial na densidade de transístores em chips de computador de circuitos integrados, nos últimos 40 anos. No entanto, nesse intervalo de tempo, não houve nenhuma mudança fundamental nos princípios de funcionamento do transístor.

Mesmo os transístores microelectrónicos com não mais de alguns mícrones (milionésimos de metro) de tamanho são dispositivos de efeito de massa. Eles ainda funcionam utilizando pequenos campos eléctricos impostos por pequenas placas de metal carregadas para controlar a acção de massas de milhões de electrões.

Embora os nanocomputadores electrónicos não vão utilizar o conceito tradicional de transístores para os seus componentes, eles irão ainda operar tendo como componentes de armazenamento de informação as posições dos electrões.

No ritmo actual de miniaturização, a tecnologia de transístores convencionais chegará a um limite de tamanho mínimo, em poucos anos. Nesse ponto, os efeitos mecânicos quânticos de pequena escala, como o tunelamento de electrões através de barreiras feitas de matéria ou campos eléctricos, vão começar a dominar os efeitos essenciais que permitem a um dispositivo semicondutor de acção em massa operar. Ainda assim, um nanocomputador electrónico continuará a representar informação na armazenagem e movimentação de electrões.

Actualmente, a maioria dos nanocomputadores electrónicos são criadas através de circuitos microscópicos usando nanolitografia.

Nanolitografia


A nanolitografia é um termo usado para descrever o ramo da nanotecnologia voltada para o estudo e a aplicação de uma série de técnicas para a criação de estruturas à escala nanométrica, ou seja, modelos com pelo menos uma dimensão lateral entre o tamanho de um átomo individual e cerca de 100 nm.

Um nanómetro é um bilionésimo de um metro, muito menor que a largura de um cabelo humano. A palavra litografia é usada porque o método usado para a criação de padrões é essencialmente o mesmo que para escrever, só que em escala muito menor. A nanolitografia é utilizada na fabricação de circuitos semicondutores integrada de vanguarda (nanocircuitos) ou sistemas nanoeletromecânicos.

Um método comum de nanolitografia, utilizado sobretudo na criação de microchips, é conhecido como fotolitografia. Esta técnica é um método de nanolitografia paralela em que toda a superfície é desenhada num só instante. No entanto, a fotolitografia é limitada no tamanho a que se pode reduzir porque se o comprimento de onda da luz utilizada for muito pequeno, a lente simplesmente absorve a luz na sua totalidade. Isso significa que a fotolitografia não pode alcançar os tamanhos super pequenos de algumas tecnologias alternativas.


Uma tecnologia que permite tamanhos menores do que fotolitografia é a da litografia por feixe de electrões. Usando um feixe de electrões para desenhar um padrão nanómetro a nanómetro, podem ser alcançados tamanhos incrivelmente pequenos (da ordem de 20nm). No entanto, a litografia por feixe de electrões é muito cara e consome mais tempo do que fotolitografia, tornando-se assim uma tarefa difícil para aplicações da indústria de nanolitografia. Dado que a litografia por feixe de electrões funciona mais como uma impressora matricial que como um flash de fotografia, um trabalho que levaria cinco minutos usando fotolitografia levará mais que cinco horas com litografia por feixe de electrões.


Novas tecnologias de nanolitografia estão constantemente a ser pesquisadas e desenvolvidas, levando a menores e menores tamanhos possíveis. A litografia por ultravioletas, por exemplo, é capaz de utilizar a luz em comprimentos de onda de 13.5nm. Embora existam ainda grandes obstáculos neste novo campo, ele promete a possibilidade de tamanhos muito inferiores aos produzidos pelos padrões actuais da indústria. Outras técnicas nanolitografia incluem a chamada dip-pen nanolithography, na qual uma pequena ponta é usada para depositar moléculas numa superfície. Esta técnica pode atingir tamanhos muito pequenos, mas actualmente ainda não podem ir abaixo de 40nm.




Nanotecnologia


O que é a nanotecnologia?

Em termos simples, a nanotecnologia pode ser definida como "engenharia numa escala muito pequena", e este termo pode ser aplicado a muitas áreas de pesquisa e desenvolvimento - da medicina à fabricação e computação, e até mesmo a tecidos e cosméticos. Nanotecnologia (por vezes abreviado para "nanotec") é uma ciência multidisciplinar que estuda como podemos manipular a matéria na escala atómica e molecular, ou seja, é a engenharia de máquinas minúsculas - a capacidade projectada para construir coisas de baixo para cima, usando técnicas e ferramentas que estão a ser desenvolvidas hoje para fazer produtos altamente avançados.
 
Nanoferramentas
Nanoferramentas 

Se numa selecção aleatória de cientistas, engenheiros, investidores e público em geral se perguntar o que é nanotecnologia, receberemos uma série de respostas tão ampla como a nanotecnologia em si. Para muitos cientistas, não é nada surpreendentemente novo, na verdade temos vindo a trabalhar em escala nanométrica há décadas, por meio de microscopia electrónica ou microscopia de varredura da sonda ou simplesmente desenvolvendo e analisando películas muito finas. No entanto, para a maioria dos outros grupos, a nanotecnologia significa algo muito mais ambicioso, submarinos em miniatura na corrente sanguínea, pequenas engrenagens e rodas dentadas feitas de átomos, elevadores espaciais feitos de nanotubos e a colonização do espaço.
 
Nanorobô
O robô nesta ilustração nada pelas artérias e pelas veias usando um par de apêndices na cauda
   
E-coli
Designers da nanorrobótica procuram nos organismos microscópicos a inspiração para propulsão

A nanotecnologia é muito diversificada, variando de extensões da física dos aparelhos convencionais até abordagens completamente novas baseadas em auto-montagem molecular, de desenvolvimento de novos materiais com dimensões na escala nanométrica até à investigação da possibilidade do controlo directo da matéria em escala atómica.


 
Num certo sentido, a nanotecnologia é a continuação natural da revolução de miniaturização a que temos assistido na última década, onde a microengenharia e as tolerâncias de milionésimo de metro (10-6 m) se tornaram comuns, por exemplo, nas indústrias automóvel e aeroespacial permitindo a construção de veículos e aviões com maior qualidade e segurança.

Foi a indústria informática que foi forçando os limites da miniaturização e muitos dos dispositivos electrónicos que vemos hoje têm características nano que devem a sua origem à indústria dos computadores - como câmaras, leitores de CD e DVD, sensores de pressão dos airbags e impressoras a jacto de tinta.

A nanotecnologia é fundamentalmente uma ciência dos materiais que tem as seguintes características:
 
  • Pesquisa e desenvolvimento ao nível molecular ou atómico, com comprimentos que variam entre cerca de 1 a 100 nanómetros;
  • Criação e utilização de sistemas, dispositivos e estruturas que têm funções especiais ou propriedades por causa de seu pequeno tamanho;
  • Capacidade de controlar ou manipular a matéria em escala molecular ou atómica.
 
Não há dúvida que a nanotecnologia vai ser o futuro, e todos os estudos estão a tentar diversificar a tecnologia a partir de materiais com dimensões na escala nanométrica para materiais em dimensões de escala atómica. Alguns novos métodos, como a auto-montagem molecular, foram desenvolvidos para tornar isso possível. Pode até haver um futuro em que todas as necessidades comuns básicas, como comida, abrigo e até mesmo diamantes caros sejam feitos por nano robôs.   

Nanorobôs
Nanorobôs perfuradores (imagem por Erik Viktor) 
 

O que é a nanoescala?


A palavra “nanotecnologia” vem do grego “nano” que significa "anão". Um nanómetro é um bilionésimo de um metro, o que é minúsculo, apenas o comprimento de dez átomos de hidrogénio. Apesar de um metro ser definido pela International Standards Organization como "o comprimento do trajecto percorrido pela luz no vácuo durante um intervalo de tempo de 1/299.792.458 de um segundo" e um nanómetro ser, por definição, 10-9 de um metro, isto não ajuda os cientistas a comunicar a nanoescala aos não-cientistas.
 
Embora os cientistas tenham vindo a manipular a matéria em nanoescala há séculos, chamando-lhe física ou química, só com a nova geração de microscópios que foi inventada nos anos oitenta é que o mundo dos átomos e moléculas pode ser visualizado e manipulado. Está na natureza humana relacionar tamanhos por referência a objectos do quotidiano, e a definição de nanotecnologia mais comum é em relação à largura de um cabelo humano.
 
Nanoescala
Exemplos de nanoescala

 A fim de compreender o mundo incomum da nanotecnologia, precisamos ter uma ideia das unidades de medida envolvidas. Um centímetro é um centésimo de um metro, um milímetro é um milésimo de um metro, e um micrómetro é um milionésimo de um metro, mas todas essas unidades ainda são enormes em comparação com a escala nanométrica. Um nanómetro (nm) é um bilionésimo de um metro.
Ao invés de pedir a alguém para imaginar 1/1.000.000 ou um bilionésimo de alguma coisa, o que poucas pessoas sãs podem realizar com facilidade, relacionar a nanotecnologia com átomos muitas vezes faz com que o nanómetro seja mais fácil de imaginar. Isto mostra claramente o quão pequeno é um nano. É ainda menor que o comprimento de onda da luz visível e um centésimo de milésimo da largura de um cabelo humano. Mas ainda é grande quando comparado à escala atómica.

Vamos comparar as diferentes unidades em relação aos metros.

1 centímetro - 100º de um metro
1 milímetro - 1.000º de um metro
1 micrómetro – 1.000.000º de um metro
1 nanómetro – 1.000.000.000º de um metro

Apesar de ser tão pequeno, um nanómetro ainda é grande em comparação com a escala atómica. Um átomo tem um diâmetro de cerca de 0,1 nm. O núcleo de um átomo é muito menor - cerca de 0,00001 nm.
 
Nano
Nanoescala

Geralmente, a nanotecnologia lida com estruturas de tamanho entre 1 a 100 nanómetros em pelo menos uma dimensão, e envolve o desenvolvimento de materiais ou dispositivos dentro desse tamanho. Os efeitos da mecânica quântica são muito importantes nessa escala, que é na esfera quântica. Maior do isto, é a microescala, e menor é a escala atómica.

Referências:
HowStuffWorks
Nanotechnology Now
YouTube

O futuro dos computadores - Nanocomputadores

A discussão científica acerca do desenvolvimento e fabricação de dispositivos à escala nanométrica começou em 1959 com uma palestra influente pelo famoso físico Richard Feynman. Feynman observou que é possível, em princípio, construir e operar máquinas submicroscópicas. Ele propôs que um grande número de dispositivos totalmente idêntico pode ser montado através da manipulação de átomos, um de cada vez


A proposta de Feynman provocou uma onda de interesse inicial mas não foi o suficiente para cativar a imaginação da comunidade técnica ou do público. Na época, a construção de estruturas átomo a átomo parecia completamente fora de alcance. Ao longo dos anos 1960 e 1970 avanços em diversos campos foram preparando a comunidade científica para a primeira manipulação bruta de estruturas à escala nanométrica.

A evolução mais óbvia foi a contínua miniaturização de circuitos electrónicos digitais, baseada principalmente na invenção do transístor por Shockley, Brattain e Bardeen em 1948 e a invenção do circuito integrado por Noyce, Kilby, e outros em 1950. Em 1959, só era possível colocar um transístor num circuito integrado. Vinte anos depois, os circuitos com alguns milhares de transístores eram comuns.

Os cientistas estão a tentar utilizar a nanotecnologia para produzir chips muito pequenos, condutores eléctricos e portas lógicas. Utilizando a nanotecnologia, os chips podem ser construídas um átomo de cada vez e, portanto, não haverá desperdício de espaço, permitindo a construção de  dispositivos muito menores. Usando essa tecnologia, as portas lógicas serão compostas por apenas alguns átomos e os condutores eléctricos (chamados nanofios) terão apenas um átomo de espessura e um bit de dados será representado pela presença ou ausência de um electrão.
Um nanocomputer é um computador cujas dimensões físicas são microscópicas, menores do que o microcomputador, que é menor do que o minicomputador. (O minicomputador é chamado "mini" porque era muito menor do que o computador original (mainframe))
Associada à nanotecnologia, a nanocomputação irá, como tem sido sugerido ou proposto por pesquisadores e futuristas, dar origem a quatro tipos de nanocomputadores:



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O futuro dos computadores - Visão Geral


Evolução dos computadores


A história dos computadores e da informática, que remonta a mais de meio século para as primeiras máquinas de computação primitiva, tem até agora sido longa e fascinante. Essas máquinas eram enormes e complicadas, compostas por fileiras de tubos de vácuo e fios, muitas vezes ocupando diversas salas.


Nos últimos 20 anos, tem havido um aumento dramático na velocidade de processamento dos computadores, a capacidade da rede e da velocidade da Internet. Estes avanços abriram caminho para a revolução de campos como a física quântica, a inteligência artificial e a nanotecnologia. Esses avanços terão um profundo efeito na maneira como vivemos e trabalhamos e a realidade virtual a que assistimos em filmes como o Matrix, pode vir a tornar-se algo comum na próxima década.

Os computadores de hoje funcionam utilizando transístores, fios e electricidade. Os computadores do futuro podem usar átomos, fibras e luz. Considere por um momento o que o mundo poderia ser se os computadores do tamanho de moléculas já fossem realidade. Estes são o tipo de computadores que podem estar em todo lugar sem nunca ser vistos. Bio computadores de nanodimensão poderão ter como alvo áreas específicas dentro do seu corpo. Gigantescas redes de computadores na sua roupa, na sua casa ou no seu carro de tal forma embutidas em cada aspecto da sua vida que nem perderá um minuto a pensar nisso.

Quem se tenha debruçado recentemente sobre o mundo dos computadores certamente compreendeu que o tamanho dos computadores foi reduzido drasticamente e, por outro lado, o poder dessas máquinas tem crescido exponencialmente. Na verdade, o custo dos computadores teve uma queda tão grande que muitas famílias agora possuem não só um, mas dois, três ou até mais computadores.

Tendo em conta a forma como o mundo dos computadores e da informática continua a evoluir e a mudar, muitas pessoas, de escritores de ficção científica a vulgares utilizadores, se interrogam acerca do que o que o futuro nos reserva para o computador e as tecnologias a ele associadas. Ao longo dos anos, muita coisa foi imaginada, desde robôs em forma de empregados domésticos até computadores tão pequenos que cabem no bolso. Na verdade, algumas previsões passaram a fazer parte do quotidiano com a introdução dos PDAs e aspiradores de pó robóticos.

Compreender as teorias por detrás das tecnologias informáticas do futuro não é para o comum dos mortais; a minha pesquisa sobre os computadores quânticos tornou-se ainda mais difícil depois ter aprendido que, à luz da interferência constante, é teoricamente possível que a minha sogra possa estar em dois lugares ao mesmo tempo.

A nanotecnologia é outra parte importante do futuro dos computadores e deverá ter um profundo impacto sobre toda a nossa sociedade. A nanotecnologia é o processo pelo qual a matéria é manipulada a nível atómico, fornecendo a capacidade de "construir" objectos a partir das suas peças mais básicas. Como a robótica e a inteligência artificial, a nano tecnologia já está em utilização uso em várias áreas, oferecendo de tudo, desde roupas resistentes a manchas a melhores bronzeadores. Esses avanços na nano tecnologia é provável que continuem no futuro, tornando este um dos aspectos mais poderosos de computação no futuro.

No futuro, o número de pequenos mas poderosos computadores que você encontra todos os dias, será na ordem dos milhares, talvez mesmo milhões. Você não vai vê-los, mas eles estarão à sua volta e a sua interface pessoal com esta poderosa rede de computadores poderá vir de um único dispositivo de computação que é usado sobre ou mesmo dentro do seu corpo.

Os computadores quânticos são também susceptíveis de transformar a experiência de computação, tanto para utilizadores empresariais como domésticos. Estas poderosas máquinas já estão na prancheta de desenho, e poderão vira a ser introduzidas num futuro próximo. O computador quântico é apontado como u grande salto em frente na tecnologia de computação, com implicações interessantes para tudo, desde a pesquisa científica às previsões do mercado de acções.

A Lei de Moore


Quem procure informação sobre o futuro dos computadores irá certamente encontrar referências à famosa Lei de Moore. Esta Lei de Moore não é uma a fórmula matemática rigorosa, mas sim uma previsão feita pelo co-fundador da Intel, Gordon Moore, em 1965, num trabalho onde ele observou que o número de componentes em circuitos integrados tinha duplicado em cada ano a partir da invenção do circuito integrado em 1958 até 1965, e previu que a tendência iria continuar "por pelo menos dez anos".

Moore previu que a tecnologia de computação aumentaria em valor ao mesmo tempo que se tornaria mais barata descrevendo assim uma tendência de longo prazo na história do hardware de computação. Mais especificamente, previu que a inovação em tecnologia permitiria que o número de transístores que podem ser colocados de forma barata num circuito integrado iria duplicar a cada dois anos. A tendência continuou por mais de meio século e não deverá parar até 2015...

Um transístor num computador é como um pequeno interruptor electrónico. Assim como o interruptor de luz na parede, um transístor tem apenas dois estados: ligado ou desligado. Um computador interpreta esse on / off do estado como um 1 ou um 0. Coloque um monte desses transístores juntos e tem um chip de computador. A unidade de processamento central (CPU) dentro do seu computador provavelmente tem cerca de 500 milhões de transístores.

Diminuir o tamanho dos transístores não implica apenas fabricar chips menores, mas também mais rápidos. Uma das vantagens de aglomerar transístores é que os impulsos electrónicos demoram menos tempo a viajar entre eles e isto aumenta a velocidade geral do chip.

As capacidades de muitos dispositivos electrónicos digitais estão fortemente ligadas à lei de Moore: a velocidade de processamento, capacidade de memória, sensores e até mesmo o número e tamanho dos pixels em câmaras digitais. Todos estes parâmetros têm apresentado taxas de crescimento aproximadamente exponenciais também.

Nem toda a gente concorda que a Lei de Moore foi exacta ao longo dos anos (a previsão mudou desde a sua versão original), ou que se verificará no futuro. Mas será isso realmente importante? O ritmo a que os computadores estão a duplicar a sua inteligência está a ser suficientemente rápido para mim!

Graças à inovação e vontade de Gordon Moore e outros como ele, os computadores vão continuar a ficar mais pequenos, mais rápidos e mais acessíveis.

Quem são os Anonymous?


Organização do Anonymous


O Anonymous não é verdadeiramente uma organização, não no sentido tradicional da palavra. Eles são um grupo grande e descentralizado de indivíduos que partilham interesses comuns e, de certa forma, assombram a Internet. Não há membros oficiais, directrizes, dirigentes, representantes nem princípios unificadores. Pelo contrário, Anonymous é uma palavra que identifica milhões de pessoas, grupos e indivíduos dentro e fora da Internet que, sem revelar as suas identidades, exprimem opiniões diversas sobre vários temas.


Ser Anonymous é muito mais uma qualidade ou uma auto-definição ou invés de definir uma participação em algo. Cada projecto sob a bandeira Anonymous pode ter um conjunto diferente de instigadores. Liderança, quando existe, é informal e realizada em canais de chat, fóruns, mensagens instantâneas e chamadas públicas para acções online.


Origens do Anonymous


O nome Anonymous em si mesmo é inspirado no anonimato sob o qual os utilizadores postam imagens e comentários na Internet. O uso deste termo, no sentido de uma identidade compartilhada, começou em imageboards. Eles são ligeiramente afiliados com a 4chan e outras "chan" (como a 2chan, a 7chan e 711chan), devido ao facto desses sites permitirem postagem anónima, o que lhes permite planear ataques sem revelar qualquer informação de identificação pessoal. Uma marca de Anonymous é atribuída aos visitantes que deixam comentários, sem identificar o autor do conteúdo publicado.


Eles coordenam os ataques em fóruns como 4chan.org ICQ e salas de chat, entre outros locais. 4chan.org é um grande centro, mas não poderá ser considerada realmente a casa dos Anonymous. O Anonops.net estava mais próximo de ser o seu QG, mas foi desligado.


Alguns afirmam que o Anonymous é a primeira supraconsciência baseada na Internet. O Anonymous é um grupo, no sentido em que um bando de pássaros é um grupo. Como sabemos que eles são um grupo? Porque viajam na mesma direcção. Mas em cada  momento, mais pássaros podem entrar, sair, ou retirar noutra direcção totalmente diferente.

No entanto o Anonymous não gosta que lhe chamem "grupo". E muito menos os seus membros gostam de ser classificados como "hackers". Eles são, para usar as palavras de inspiração de ficção científica de um dos seus manifestos,  uma "Consciência Viva Online"

A Hierarquia do Anonymous


Eles têm sido descritos como um grupo anárquico de "hacktivistas", mas já foram revelados alguns detalhes que indicam que a organização está bem hierarquizada com uma liderança oculta de cerca de uma dúzia de hackers altamente qualificados coordenando os ataques na web.

Um dos membros do grupo afirmou que a entrada para os centros de "comando e controle" é apenas para convidados, acrescentando: "É para proteger as pessoas, mas se alguém já se mostrou fiável, é convidado - não é difícil de fazer, não é uma estrutura elitista, mas uma maneira de manter a imprensa e as polícias afastadas de quem emite os comandos".


"O nosso projecto não tem nenhuma estrutura de líderança, apenas funções diferentes. O grau de liderança e organização em vários projectos são muito diferentes", disse um membro de longa data. "É tudo muito caótico, mas comunicamos e cooperamos uns com os outros. Vejo-nos como diferentes células do mesmo organismo."

Os dirigentes do grupo usam o Internet Relay Chat (IRC), tecnologia que pode permitir que grupos de pessoas comuniquem na clandestinidade. Alguns nos escalões superiores alegadamente têm controle sobre várias "botnets", que incluem mais de 1.000 PCs com Windows que foram infectados com um vírus e podem ser controlados sem o conhecimento dos seus utilizadores para direccionar a negação de serviço distribuída (DDoS) contra as organizações-alvo.

 

Historial do hacktivismo do Anonymous


We are Anonymous. We are legion. We do not forgive. We do not forget. Expect us.
-Anonymous

Muito antes de se tornarem vigilantes na cyberguerra à volta do Wikileaks, o grupo chamado Anonymous já realizava ataques em larga escala contra os seus inimigos.

Assaltos ao Habbo Hotel


Provavelmente a primeira vez que os utilizadores do 4chan se uniram sob a alcunha Anonymous foi para assediar os utilizadores do Habbo Hotel, uma rede social cartoonizada e concebido como um hotel virtual. Já em 2006, o Anonymous atacava o Habbo, impedindo seus utilizadores habituais de se movimentar. O primeiro grande ataque é conhecido como o "Grande Raid Habbo de '06", e uma posterior invasão do ano seguinte é conhecido como o "Grande Raid Habbo de '07". Estes ataques parecem estar relacionados com a notícia sobre a proibição imposta a uma criança de dois anos afectada pelo SIDA de entrar na piscina de um parque de diversões no Alabama.



Os utilizadores Anonymous inscreviam-se no site do Habbo utilizando avatares de um homem negro, com um fato cinzento e um penteado afro e bloqueavam a entrada para a piscina, declarando que estava "fechada devido à SIDA", inundavam o site com provérbios da Internet e formavam suásticas.

Tudo isto foi feito apenas por diversão dado que nesta altura as acções do Anonymous não tinha ainda assumido uma inclinação política.

Hal Turner


Em Dezembro de 2006, o Anonymous atacou este supremacista branco que tem um programa de rádio. Segundo Hal Turner, em Dezembro de 2006 e Janeiro de 2007, indivíduos que se identificaram como Anonymous, sobrecarregaram o seu site o que lhe custou milhares de dólares em contas de banda larga.
Alguns Anons parecem ter aversão ao racismo real, embora eles próprios o manifestem frequentemente em tom de brincadeira.

Chris Forcand


Em 2007, o Anonymous ajudou a capturar um predador infantil na Internet, Chris Forcand, ao fornecer informações à polícia. Nesta altura, o Anonymous começou assumir-se como um grupo de vigilantes na Internet a lutar por causas variadas, ao invés de serem apenas um bando de alegres brincalhões.
Em 7 de Dezembro de 2007, o jornal canadiano The Sun publicou um relatório onde afirmava que, antes das investigações da polícia começarem, Forcand já estava a ser monitorizado por "cyber-vigilantes que procuram alguém que apresente um interesse sexual em crianças". Forcand, de 53 anos, foi acusado de dois crimes por seduzir uma criança menor de 14 anos de idade, tentativa de convidar toque sexual, tentativa de exposição e posse de arma perigosa.
Os Anonymous contactaram a polícia depois de alguns membros terem recebido "propostas sexuais" de Forcand com "fotos nojentas de si mesmo". O relatório também afirmou que esta é a primeira vez que um predador Internet suspeito foi detido pela polícia na sequência de vigilantismo na Internet

A Igreja da Cientologia


Com estes ataques, o Anonymous foi catapultado para a cultura popular e o grupo ganhou a atenção da imprensa mundial para o Projecto Chanology, o seu protesto contra a Igreja de Cientologia.  
Cientologia

Em 14 de Janeiro de 2008, um vídeo produzido pela Igreja com uma entrevista a Tom Cruise surgiu no YouTube. Quando a Igreja tentou retirar este filme constrangedor do YouTube, o Anonymous formou um grupo à parte chamado Projecto Chanology que se dedicou a parar a censura e o assédio desta igreja.
Como forma de protesto contra estas acções da Igreja da Cientologia, que classificaram como uma forma de censura na Internet, os membros do Projecto Chanology organizaram uma série de ataques de negação de serviço contra websites da Cientologia, partidas e faxes em preto para os centros da Cientologia.


Foram também organizados protestos em várias cidades em todo o mundo contra a Cientologia. Eles saíram às ruas, protestando fora das igrejas da Cientologia vestindo "V-máscaras", o disfarce usado pelo herói V do livro de Alan Moore, originalmente inspirada pelo herói popular Guy Fawkes.

Fundação Americana da Epilepsia


O Anonymous assediou a Epilepsy Foundation of America, por meio do upload de conteúdos alegadamente indutores de ataques de epilepsia.

Em 28 de Março de 2008, o fórum de suporte da epilepsia gerido pela Epilepsy Foundation of America foi atingido com um código JavaScript e animações de computador a piscar foram colocadas on line com a intenção de desencadear enxaquecas e convulsões em epilépticos fotossensíveis e sensíveis a padrões.

SOHH e AllHipHop


No final de Junho de 2008, utilizadores que se identificaram como Anonymous reivindicaram a autoria de uma série de ataques contra o site SOHH (Suporte Online Hip Hop). O ataque foi supostamente uma retaliação por insultos feitos por membros da SOHH "Just Bugging Out" no fórum 4chan contra os seus utilizadores.



O ataque contra o site ocorreu em etapas, à mediada que os Anonymous inundaram os fóruns SOHH, estes foram sendo desligados. A 23 de Junho de 2008, o grupo que se identificou como Anonymous organizou ataques DDoS contra o site, com sucesso, eliminando mais de 60% da capacidade de serviço do site.

Em 27 de Junho de 2008, os hackers utilizaram cross-site scripting para alterar a página principal do site com imagens e referências satíricas, manchetes e numerosos estereótipos raciais e insultos, e também conseguiram roubar informações de funcionários SOHH.

No Cussing Club


O Anonymous também atacou o rapaz, que começou No Cussing Club, por razões óbvias. Em Janeiro de 2009 os membros do Anonymous atacaram o adolescente californiano McKay Hatch, que administra o No Cussing Club, um site contra a profanação.


Quando o endereço da casa de Hatch, o seu número de telefone e outras informações pessoais foram divulgados on-line, a sua família recebeu um monte de mensagens de ódio, entregas falsas, muitos telefonemas obscenos, pizza e até pornografia.

Pornografia no YouTube


Em 20 de Maio de 2009, os membros do Anonymous enviaram vários vídeos pornográficos para o YouTube. Muitos desses vídeos foram disfarçados de vídeos familiares ou para crianças, por exemplo, com marcas "Jonas Brothers".



O YouTube removeu quase imediatamente todos os vídeos enviados e quando a BBC contactou um dos uploaders, este afirmou que era um "raid 4chan", organizado devido à remoção dos vídeos musicais do YouTube. A BBC News informou que uma vítima postou um comentário dizendo: "Eu tenho 12 anos o que é isso?" que se tornou um meme da Internet.

Protestos eleitorais no Irão


Na sequência das denúncias de fraudes eleitorais, decorrentes do anúncio dos resultados da eleição presidencial iraniana de Junho de 2009, declarando o presidente histórico do Irão Mahmoud Ahmadinejad como o vencedor, milhares de iranianos saíram à rua e participaram em manifestações de protesto.

Persian Bay


O Anonymous aliou-se ao Pirate Bay e a vários hackers iranianos num esforço para oferecer aos dissidentes iranianos uma maneira de planear manifestações e se ligarem ao mundo exterior. O resultado foi o Anonymous Iran, um site de apoio ao Partido Verde iraniano e um bem sucedido projecto de liberdade de informação.



O site atraiu mais de 22.000 apoiantes no mundo e permite a troca de informações entre o mundo e o Irão, apesar das tentativas do governo iraniano para censurar notícias sobre os protestos na Internet. O site oferece ferramentas aos activistas iranianos e conselhos sobre como manter o anonimato e evitar a detecção. São também disponibilizados fóruns para coordenação das actividades e comunicação com o Ocidente.

Operação Didgeridie


Em Setembro de 2009, o grupo despertou "a fim de proteger os direitos civis", após vários governos terem iniciado acções de bloqueio aos seus imageboards. O ponto de viragem foram os planos do governo australiano para censura da Internet ao nível de dos ISP.

No início da noite de 09 de Setembro, o Anonymous atacou o site do primeiro-ministro com uma negação de serviço. O site esteve fora de serviço cerca de uma hora.

Operação Titstorm


Na manhã do dia 10 de Fevereiro de 2010, o Anonymous lançou um ataque mais preparado com o divertido título "Operação Titstorm".

Titstorm


A desfiguração do site do primeiro-ministro, levou o site Parlamento australiano a estar fora de serviço por três dias e quase conseguiram desligar também o site do Departamento de Comunicações, em protesto contra as mediadas do governo australiano para filtrar e censurar todos os conteúdos da Internet relativos a pornografia com mulheres de peito pequeno (que são vistas como menores de idade) e ejaculação feminina.


Outras entidade com quem já se envolveram incluem a AT&T, Gene Simmons, KnowYourMeme, Hot Topic, Jessi Slaughter, and Tumblr mas eu classificaria estes incidentes apenas como pequenas escaramuças.





E tudo isto sem mencionar a recente Operação Payback, e os ataques contra os governos da Tunisia, Zimbabwe e Egipto.

Quem sabe qual poderá ser o próximo alvo...?

O futuro do ciberespaço


O ciberespaço é infinito?


Entre tudo aquilo que hoje temos como dado adquirido, o ciberespaço está perto do topo da lista. A promessa da Internet para o século XXI é disponibilizar tudo em todo o lado e a qualquer hora. Todas as realizações humanas, toda a cultura, poderão estar em breve à distância de um simples clique.


 Quando estamos online, o ciberespaço pode assemelhar-se muito ao espaço sideral ou, para usar um termo muito em voga, "a nuvem". Parece infinita e etérea; a informação está simplesmente lá fora. Mas se pensarmos sobre a energia do mundo real e o espaço físico ocupado pela Internet, começaremos a entender que as coisas não são assim tão simples. O ciberespaço tem existência real no espaço físico e quanto mais demorarmos a mudar o nosso conceito da Internet de modo a ver claramente as suas características físicas, mais perto estaremos de blogar o nosso caminho para a desgraça.

 Agora, tudo o que lançamos para a nuvem, todas as fotos do Facebook e todos os vídeos do Youtube, estão sempre disponíveis para todos. Mas para manter esse compromisso de disponibilidade são necessários muitos prédios enormes, chamados centros de dados ou, mais apropriadamente dado o crescimento inexorável da Internet, server farms.
server farm

 A fim de manter a disponibilidade total, omnipresente, como todos os utilizadores actuais da Internet esperam, muitas coisas têm que acontecer simultânea e continuamente;

  • Os milhões de unidades de disco rígido que armazenam o conteúdo da Internet têm que ser ligados e girar a milhares de rotações por minuto, não apenas num local, mas também em vários sites espelho;
  • O ar condicionado tem que manter os servidores arrefecidos;
  • Redes eléctricas têm de ser estendidas para alimentar estes sites;
  • Terrenos têm que ser adquiridos e construídas infra estruturas para albergar tudo isto;
  • E um monte de electricidade tem de ser gerada, o que significa produzir muito dióxido de carbono.

O consumo do ciberespaço


Quanta? Segundo alguns especialistas, a nuvem já consome 1 a 2 por cento da electricidade do mundo. Isso é o que é preciso para manter 15 biliões de fotos no Facebook, entreter os muitos milhões que constantemente jogam online e hospedar todos os outros conteúdos que queremos sempre disponíveis. Mas a que custo?
A economia do ciberespaço e das server farms não  tem nenhum mecanismo de auto regulação que limite o seu crescimento. As questões-chave para o negócio são como obter energia barata e como manter o tempo de transmissão em milissegundos. As receitas dos serviços como o Facebook e o YouTube não derivam de custos para os utilizadores logo, do ponto de vista de um utilizador inocente, o ciberespaço é infinito, livre e limpo. Enquanto as pessoas não sentirem nenhum custo ao enviar as suas fotos e vídeos, irão fazê-lo e os seus conteúdos irão ficar na nuvem para sempre. O vídeo livre é como a gasolina livre ou o ar condicionado ar livre: quem não pagar a conta de um recurso irá usá-lo sem restrição. E é exactamente isso que está a acontecer no ciberespaço.
Se ninguém vê os seus vídeos no Youtube, ele precisa estar a ocupar espaço físico em vários discos rígidos de propulsão eléctrica espalhados pelo mundo? Num nível mais profundo, o nosso impulso inexorável para criar uma eterna memória abrangente demonstra o medo do esquecimento. Mas será o esquecimento terrível ao ponto de nos levar a conduzir o planeta mais próximo do abismo, a fim de evitar a perda de qualquer migalha de informação, não importa o quão trivial esta possa ser?
server farm

 Mas eu não estou a sugerir que paremos de utilizar a Internet! Nós inventámos a Internet porque temos que comunicar, partilhar, aprender e trocar ideias. Isso é o que nos torna humanos. Daí o pathos do nosso dilema: o impulso lindo e insaciável que temos de comunicar através de todas as distâncias pode estar a levar-nos mais perto da nossa própria destruição. Se desligarmos o sistema e virarmos as costas ao um sonho da comunicação global poderemos estar simultaneamente a morrer por termos sacrificado o nosso sonho humano comum. Este é o drama mais elevado de existência no século XXI: a grandeza do nosso admirável mundo novo tem um custo.

Que podemos fazer para melhorar o ciberespaço?


Então o que podemos fazer? Podemos reduzir as emissões da Internet, encontrando fontes
alternativas de energia, mas seu crescimento galopante vai rapidamente acabar quaisquer ganhos de eficiência que possamos vir a descobrir. Poderemos fazer evoluir os novos modelos de negócios e de governo com rapidez suficiente para atingir um ponto de inflexão do aquecimento global? Provavelmente não, ainda não o fizemos, apesar de tudo o que já conhecemos.
server farm

 O ciberespaço é um lugar onde as nossas acções podem fazer uma grande diferença. Aqueles 15 biliões de fotos e vídeos no Facebook e sabe-se lá quantos vídeos no YouTube não foram lá colocados pelas petrolíferas, fomos nós! Nós, os utilizadores temos o poder de retardar o crescimento da Internet que se revela asfixiante para o planeta. Temos que encarar as emissões de CO2 produzidas pelas nossas actividades online, como custos internos para o planeta. Podemos começar por revelar consciencialização sobre o problema restringindo os nossos uploads, e mesmo retirando alguns. E se, em vez de 1.000 fotos emissoras de CO2 no Facebook, apenas mantivermos as melhores 200? Se ninguém vê o seu vídeo de karaoke no YouTube, apague-o. Ou, pelo menos, guarde-o onde não necessite de estar sempre a consumir energia.
E se a consciencialização e a auto disciplina não forem suficientes? Vale a pena considerar a possibilidade de haver um custo para a partilha de grandes volumes de informação pessoal, tipo um imposto de upload. É a única maneira de conseguir que a maioria das pessoas pare de fazer upload de enormes quantidades de informação inútil para o ciberespaço; têm que pagar pela energia real e espaço que estão a utilizar. A informação será sempre de livre acesso mas esta ideia é que a informação não deve ser necessariamente livre para distribuir e ocupar espaço nos servidores da Internet. Se deseja publicar mais do que uma certa quantidade, deve ter que pagar o aluguer do espaço físico que os seus megabytes e gigabytes ocupam. Se os uploaders tiverem que pagar, muitas das fotos e vídeos que ninguém vê seriam retiradas da Internet e as consequentes emissões de CO2 provenientes das server farms começariam a declinar. O dinheiro do aluguer poderá ir para o desenvolvimento de fontes alternativas de energia, por exemplo.

O futuro do ciberespaço tem um preço


Temos que tirar a nossa cabeça da nuvem e voltar à terra firme onde sabemos que alugar espaço custa dinheiro. A proliferação das server farms que alimentam a ilusão do ciberespaço vai engolir mais e mais terras e cuspir mais e mais gases de estufa. Se a experiência de vida que estamos a preservar online nos custar as próprias vidas, então será melhor confiá-la ao efémero e imperfeito espaço de armazenamento conhecido como o cérebro humano e aceitar os riscos dai decorrentes. Se já perdemos a maioria das peças de Ésquilo, Sófocles e Eurípides, acho que também sobreviveremos à perda do vídeo do Zé a esmagar a lata de cerveja na cabeça. A questão é, será que os Zés do mundo podem continuar a colonizar a nossa terra e a usar a nossa energia sem pagar por isso? Ou será que os devemos fazer pagar por esse privilégio?
Talvez devamos abraçar uma solução à moda antiga para o desperdício de espaço cibernético em vários sites, que ainda é utilizada por essa forma arcaica de comunicação, a televisão. Quando um determinado programa de TV tem audiências muito baixas, é retirado do ar. Talvez os administradores do YouTube, e sites afins, devessem fazer o mesmo para os vídeos que ninguém vê.
Mas o que fazemos à liberdade de expressão?
Outros clamam que o consumo energético da Internet é trivial comparado com os benefícios que trouxe nomeadamente em termos de divulgação de mensagens ecológicas e despertar de consciências para o problema do aquecimento global.
O que acham?